16 setembro, 2025

Trabalho e multilateralismo: OIT enfrenta crise e ameaça de retrocessos globais

Cortes e ataques liderados por Trump enfraquecem a ONU e a OIT, colocando em risco avanços históricos na proteção social e no combate à exploração do trabalho.

No início do seu segundo mandato, Donald Trump assinou diversas ordens executivas. Entre elas, em 4 de fevereiro de 2025, determinou a retirada dos Estados Unidos de certas organizações da ONU, encerrou seu financiamento e ordenou a revisão do apoio norte-americano a organismos internacionais. Foto: The White House / Flickr

A passagem do século XIX para o XX foi marcada por extrema exploração da força de trabalho e ausência quase total de direitos trabalhistas, numa fase de grande expansão capitalista e acirramento das contradições sociais.

A Segunda Revolução Industrial ampliou a concentração urbana e expôs milhões de trabalhadores a jornadas exaustivas, ambientes insalubres, mutilações e acidentes, além de doenças ocupacionais, sem qualquer proteção ao trabalhador ou forma de indenização aos vitimados. O quadro era agravado por baixos salários, trabalho infantil, superexploração das mulheres e inexistência de garantias mínimas, como seguro-desemprego, aposentadoria ou licença médica. Greves e sindicatos eram proibidos e reprimidos violentamente.

A Primeira Guerra Mundial  acentuou essa situação. O “fantasma do comunismo” continuava a rondar a Europa – epicentro dos acontecimentos e principal palco da guerra. A Revolução Soviética repercutia em toda a parte, aumentando o receio das classes dominantes de que os trabalhadores se rebelassem contra condições tão degradantes.

O nascimento da OIT e as primeiras conquistas
Neste contexto, quando a Conferência de Paz de Paris (1919) discutiu um novo arranjo para a ordem mundial, a temática do trabalho ganhou importante destaque, expresso na criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), como parte integrante do Tratado de Versalhes, que pôs fim ao conflito.

Segundo o discurso prevalecente na Conferência, para alcançar uma paz duradoura no pós-guerra seria necessária uma mudança nas condições de trabalho, capaz de alterar o quadro de injustiça, sofrimento e privação das famílias operárias. A manutenção daquele cenário, entendia-se, poderia resultar em forte agitação política, colocando em risco a “paz e a harmonia” mundiais.

Secretariado da Conferência Internacional do Trabalho, realizada em Washington (EUA), entre outubro e novembro de 1919, diante do Pan American Building. A conferência marcou a criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), no contexto do pós-Primeira Guerra Mundial. Foto: Schutz Group Photographers / Biblioteca do Congresso dos EUA, Domínio Público

Secretariado da Conferência Internacional do Trabalho, realizada em Washington (EUA), entre outubro e novembro de 1919, em frente ao Pan American Building. Entre os presentes, Ernest Greenwood (delegado norte-americano) e Harold B. Butler (primeiro secretário-geral da OIT). Foto: Schutz Group Photographers / Biblioteca do Congresso dos EUA, Domínio Público.


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03 setembro, 2025

Crise da governança global: China apresenta IGG como alternativa


Londres, agosto de 1945 — civis e militares celebram em Piccadilly Circus a vitória dos países que lutaram contra o fascismo na Segunda Guerra Mundial. Foto: Ministério da Informação do Reino Unido / Imperial War Museum – Domínio Público.

Alfred Eisenstaedt, em sua famosa fotografia, capturada na Times Square, conhecida como O Beijo da Vitória, registra um marinheiro beijando uma jovem mulher em 14 de agosto de 1945. Como este há outros tantos momentos marcantes que simbolizam o fim da Segunda Guerra Mundial.
Em todo o mundo havia festas nas ruas, embora predominasse um misto de alegria e tristeza. Alívio, pelo fim das notícias de bombardeios, de confrontos intermináveis, devastação e deslocamentos em massa. Mas também tristeza pelas 60 milhões de vidas perdidas de militares e civis, pelo horror do Holocausto e das bombas atômicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki, pelos milhões de mutilados e feridos e com o drama dos refugiados.
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Resistência ao esquecimento e ao negacionismo, 80 anos após a guerra
Há 80 anos terminava a Segunda Guerra — e o Ocidente ainda não aprendeu a lição
Ao mesmo tempo, surgia grande expectativa: a reconstrução das cidades e das economias, a promoção dos direitos humanos, a melhoria das condições sociais e, sobretudo, a esperança de uma convivência pacífica entre os povos, sustentada na criação de mecanismos capazes de evitar novos conflitos. Foi neste contexto que, em outubro de 1945, apenas um mês após a rendição do Japão e o fim da guerra, realizou-se em São Francisco (EUA) a conferência que resultaria na fundação das Nações Unidas. A Carta da ONU, assinada inicialmente por 50 países, estabeleceu as bases de um sistema internacional baseado na igualdade e soberania dos Estados, na proibição do uso da força, na cooperação para o desenvolvimento e na defesa dos direitos humanos, com as Nações Unidas no centro das questões de segurança internacional.


02 setembro, 2025

Resistência ao esquecimento e ao negacionismo, 80 anos após a guerra

Filme Dead To Rights, que retrata o Massacre de Nanquim durante a Segunda Guerra Mundial, lidera as bilheteiras de verão na China, arrecadando mais de 1,5 bilhão de yuans (cerca de 210 milhões de dólares) em apenas dez dias desde a estreia, em 25 de julho de 2025. Foto: Zhu Weixi/Xinhua


RESISTÊNCIA AO ESQUECIMENTO E AO NEGACIONISMO 
Dead to Rights (Luz na Escuridão) é um sucesso de bilheteria na China, já começou a ser exibido em outros países e tem lançamento previsto em streaming para o final do ano. O enredo, ambientado no contexto do Massacre de Nanquim de 1937, atrai o público interessado em conhecer mais sobre a resistência chinesa durante a ocupação japonesa. O drama acompanha a vida de chineses que buscam refúgio em um estúdio fotográfico, enquanto lutam pela sobrevivência e arriscam suas vidas para obter imagens das atrocidades cometidas. Mais do que entretenimento, o filme integra o esforço de dar projeção a fatos marcantes, porém pouco evidenciados ou frequentemente distorcidos, desse período histórico na Ásia. Esse resgate ganha especial relevância neste 3 de setembro, quando se celebram em Pequim os 80 anos da vitória na Guerra de Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa e na Guerra Mundial Antifascista. Leia mais: China celebra 80 anos do fim da Segunda Guerra em vitória sobre o Japão Da invasão da Manchúria à rendição japonesa em 1945 O conflito teve o seu desfecho em 2 de setembro de 1945, quando o Japão assinou sua rendição formal, encerrando a Segunda Guerra Mundial e a agressão contra a China, que havia começado 14 anos antes. Tudo começou com a anexação da Manchúria” pelo Japão, em 1931, que marca o início deste período da ocupação nipônica. Na época, a China estava fragilizada pelas Guerras do Ópio e suas consequências, sendo forçada a permitir a ocupação britânica e francesa de parte de seus territórios continentais e a conceder outros privilégios a potências estrangeiras, além da cessão de Hong Kong como indenização de guerra. O Japão, em contraste, vinha de um período de grande desenvolvimento econômico na segunda metade do século XIX, estabeleceu uma política expansionista, que levou à estruturação de uma poderosa força militar. A partir da Manchúria, os japoneses avançaram em diversas frentes, mesmo sem uma declaração de guerra formal. Assim, houve muitos enfrentamentos com o exército chinês, que culminaram com a tomada de Pequim em julho de 1937. Em seguida, Xangai e Nanquim, então capital da China, foram ocupadas.

27 agosto, 2025

STF coloca em foco a livre associação e o futuro do cooperativismo



Cooperativismo e o direito à livre associação – Uma decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF) causou preocupação em um segmento do cooperativismo brasileiro, em particular o das cooperativas da agricultura familiar e da economia solidária. Aquela Corte reconheceu a constitucionalidade da exigência de registro das cooperativas na Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). A decisão foi tomada no âmbito de um caso específico relacionado a uma cooperativa do setor de transportes, ficando assim obrigada a cooperativa a ter registro na OCB, mesmo já registrada na Junta Comercial e na Receita Federal.

Apesar da decisão não ser vinculante para todas as organizações cooperativas, retoma a discussão sobre o direito da livre associação, previsto na Constituição Brasileira. Para compreender melhor a questão, faço uma breve referência à trajetória da organização das entidades nacionais de representação das cooperativas.

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15 agosto, 2025

Partido Liberal, um partido nacional a serviço de interesses estrangeiros



Grande parte da sociedade brasileira tem se manifestado contra as medidas tarifárias impostas ao Brasil pelo governo de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos. Essas medidas que poderão comprometer o emprego, as exportações e a produção do país, são completamente ilegítimas à medida que esse comércio bilateral é vantajoso para eles, levando por terra o argumento de que os EUA seriam prejudicados nas trocas comerciais com o Brasil. 
Ao mesmo tempo, o governo estadunidense argumenta que a Justiça brasileira estaria perseguindo um aliado do presidente norte-americano, numa intromissão sem limites à soberania nacional brasileira. Além das medidas tarifárias, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que votaram por dar seguimento ao processo que apura os responsáveis pela tentativa de golpe de Estado, após as eleições de 2022, tiveram seus vistos de entrada nos EUA cancelados, e o ministro relator, Alexandre de Moraes, teve a “morte financeira” decretada. 

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13 agosto, 2025

Bombas atômicas dos EUA devastaram Hiroshima e Nagasaki há 80 anos



Um clarão silencioso rasga o céu Há vinte anos, meu pai me presenteou com um livro que reencontrei recentemente na estante, por coincidência quando se completam 80 anos daquele que é o maior crime de guerra já perpetrado, levando à morte 210 mil pessoas, civis na imensa maioria. morreram de imediato ou nos anos seguintes em decorrência dos efeitos da radiação nuclear. Próximo ao epicentro, as pessoas foram dizimadas pelas ondas de choque, de fogo, calor intenso e de irradiação. Os que se encontravam um pouco mais distantes e que não morreram de imediato, nos dias, meses e anos seguintes, morreram pelas queimaduras, por lesões pulmonares, danos aos ouvidos, hemorragias internas e danos psicológicos. Um quadro dantesco, sobre o qual se evita falar das minúcias, do impacto sobre aquelas pessoas, restando a análise do fato histórico e do contexto geopolítico.

Desde então, o arsenal atômico foi multiplicado milhares de vezes, a ameaça nuclear se transformou em um estágio das negociações, um risco que tem se elevado com as tensões decorrentes do declínio relativo da grande potência norte-americana.


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04 junho, 2025

Estatais seguem como eixo do socialismo de mercado na China

 


Setor privado e estatal no socialismo de mercado – A Lei de Promoção do Setor Privado da China, recentemente implementada, marca uma nova fase da “abertura e reforma” chinesa, iniciada com Deng Xiaoping e aprofundada por Xi Jinping. Atualmente, o setor privado contribui com mais de 60% do PIB e 80% do emprego urbano. A promoção desse setor associa-se à maior atração de investimentos externos, num contexto em que as empresas estrangeiras passaram a responder por 25% do produto industrial daquele país.

Essas informações estimulam a discussão sobre uma eventual restauração capitalista na China – processo que, segundo críticos do desenvolvimento chinês, teria iniciado após a morte de Mao Tsé-Tung, há 50 anos. 

Na teoria marxista, o socialismo é apresentado como uma etapa inferior do comunismo, ou ainda como um período político de transição para um outro modo de produção que substituiria o capitalismo – o comunismo (Lênin, Estado e Revolução, cap. 5). Essa etapa seria suficientemente prolongada para permitir o desenvolvimento das forças produtivas e a superação das classes sociais, quando não fará mais sentido a existência do Estado para o exercício da dominação de classes. 

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https://grabois.org.br/2025/06/03/estatais-seguem-como-eixo-do-socialismo-de-mercado-na-china/